Aproxima-se a passos rápidos mais uma edição do Encontro Internacional Poesia a Sul, que este ano acontece de 3 a 12 de novembro, mais uma vez dinamizado pelo poeta olhanense Fernando Cabrita, com o apoio da Câmara Municipal de Olhão. Criado em 2015, na altura num formato praticamente ibérico, o evento ganhou um maior fôlego na sua segunda edição, com o contributo do «365 Algarve», e oferece, desta feita, um programa de grande substância que reúne mais de 50 poetas, músicos, pintores, conferencistas, escritores, professores e artistas, oriundos de 16 países e de quatro continentes.
Para além de rápida, a internacionalização do «Poesia a Sul» foi, acima de tudo, bem-sucedida, o mesmo sucedendo com a obra poética de Fernando Cabrita, que vai fazendo o seu caminho ao longo dos anos e de várias publicações e é cada vez mais reconhecida internacionalmente. Disso são exemplo as críticas positivas em blogs, jornais e revistas no México, Espanha, Marrocos ou Porto Rico, a par de comentários favoráveis e muito elogiosos em páginas de especialidade literária subscritas por autores e críticos internacionais.
Em simultâneo, a poesia de Fernando Cabrita, nestes últimos quatro a cinco anos, tem vindo a surgir em publicações, antologias, obras coletivas e revistas literárias em França, Espanha ou Marrocos e os seus livros estão a ser editados nesses países, em modo bilingue. Foi o caso dos livros «Lejos de Sefarad» (2014), «Oda a La Europa Muerta» (Agosto de 2017), «Una Vision sobre la Poética de Rafael Vargas» (Outubro de 2017), «Como Aves de Todos los Cielos» (Março de 2017, Porto Rico) ou o recente «Le Deuxiéme Livre de la Maison», (Abril de 2017), editado em Marraquexe e ali apresentado e distribuído entre poetas do mundo. Essa publicação foi, aliás, a base e o primeiro ato concreto da parceria estabelecida entre o Festival Internacional de Poesia daquela importante cidade marroquina e o Encontro Poesia a Sul. Igualmente o festival literário olhanense se geminou e irmanou com o Encontro Internacional de Escritores Verso adentro, de Aracena, Espanha, duas parcerias que já vão refletir-se no evento de 2017 e que prenunciam atividades culturais transfronteiras de largo espectro, das quais seguramente o Algarve e Portugal sairão beneficiados.
Quanto ao programa desta edição do «Poesia a Sul», é impressionante em número de atividades e qualidade, reunindo grandes nomes do quadro poético internacional. “A explicação para este crescendo está, em primeiro lugar, no apoio incondicional que a Câmara Municipal de Olhão tem dado a esta iniciativa. Em segundo lugar, temos um rumo definido: fazemos um Festival que não é contra ninguém nem exclui ninguém”, explica Fernando Cabrita. “Não queremos um Festival de autoproclamados vanguardistas; não queremos um Festival de «poetas ditos malditos»; não queremos um Festival apenas de consagração dos consagrados; nem um Festival de principiantes e apenas de principiantes. Queremos, e é isso que tentamos que seja o «Poesia a Sul», um encontro de poetas do mundo, onde possam conviver os consagrados e os principiantes, os editados já e os que estão por editar. E um encontro dos diversos modos de escrever poesia, sem autoproclamações de quem é supostamente bom e de quem é supostamente mau. Essa vaidade de dizer, de púlpito, que este presta, aquele não, deixamos aos que gostam disso”, reforçou o autor olhanense.
Claro que existem critérios para a elaboração do programa do «Poesia a Sul», desde logo, como o próprio nome indica, dar um total enfoque nesse género literário. “Julgo ser esse o segredo deste rápido crescimento em visibilidade internacional, a par de não ser um encontro em que os autores apenas falam das suas coisas, que tantas vezes nada têm que ver com poesia. No «Poesia a Sul» pretendemos que os autores mostrem o seu labor poético e que, além disso, troquem conhecimentos, saberes, visões literárias”, sublinha Fernando Cabrita, daí a existência de palestras sobre temas compaginados com a escrita, análise de obras, comentários críticos. “Não dependemos de nenhuma editora, de nenhum grupo económico, de nenhum «orientador» estético ou comercial, e é assim que queremos ganhar o nosso espaço”, conclui o mentor do festival que vai animar, em termos culturais, a cidade de Olhão de 3 a 12 de novembro.

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina