O dia 24 de abril marcou os 100 anos sobre as operações do Submarino da Marinha Imperial da Alemanha «U-35» ao largo de Sagres. Tratou-se de um dos episódios da 1.ª Guerra Mundial ocorridos na costa portuguesa, envolvendo ainda o navio-patrulha da Marinha Portuguesa «Galgo» e navios civis da Noruega, Dinamarca, Itália e Espanha. Três dos destroços resultados deste episódio militar encontram-se nas águas fronteiras à Vila de Sagres e passaram, a partir desta data, a integrar o Património Cultural Subaquático da Humanidade (UNESCO).
Para assinalar a efeméride, a Câmara Municipal de Vila do Bispo e a Marinha Portuguesa levaram a cabo algumas iniciativas que se desenrolaram no Forte de Santo António do Beliche, em Sagres. No início da sessão comemorativa usaram da palavra o tenente-general Mário Cardoso, presidente da Comissão Coordenadora da Evocação do Centenário da 1.ª Guerra Mundial; o contra-almirante António Gomes, comandante da Escola Naval (representando a Marinha Portuguesa) e o presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Adelino Soares. Seguidamente, procedeu-se à assinatura da adenda ao protocolo entre a Câmara Municipal de Vila do Bispo e a Escola Naval, mediante a qual a autarquia vila-bispense atribui nove mil e 200 euros à Escola Naval para que recorra à experiência do Servicio de Gestión de la Investigación y Transferencia de la Tecnología, da Universidade de Alicante (Espanha) e assim consiga tornar mais acessível ao grande público o destroço do navio «Torvore», através da obtenção de um modelo tridimensional, da elaboração de um pequeno filme e da criação de conteúdos informativos. Recorde-se que o protocolo foi celebrado em 2014, documento através do qual a autarquia também apoiou o projeto de investigação referente à ação militar da unidade naval alemã e ao estudo dos seus destroços.


Outro dos momentos importantes foi a apresentação do livro «Ações do U-35 no Algarve», da autoria de António José Telo, de Augusto Salgado e de Jorge Russo, que, ao longo de sete capítulos, narra aspetos sobre a situação da Marinha por alturas da 1.ª Guerra Mundial e sobre toda a aventura do submarino alemão, dos seus combates e afundamentos, bem como os aspetos relacionados com o estudo arqueológico dos seus vestígios materiais. A manhã terminou com o descerramento de uma placa evocativa da efeméride que contou com as presenças do presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, do presidente da Junta de Freguesia de Sagres (Luís Paixão), do comandante da Escola Naval e do presidente da Comissão Coordenadora da Evocação do Centenário da 1.ª Guerra Mundial. Depois, os convidados realizaram um passeio de barco ao local dos destroços
Da parte da tarde, às 16h, teve lugar uma saída para mergulho nos destroços do navio «Torvore», aberta a todos os interessados. O destroço que se encontra a mais de 30 metros de profundidade foi visitado por cinco mergulhadores, acompanhados por monitores de duas empresas especializadas de Sagres. Merece igualmente uma referência a presença de várias individualidades civis e militares, bem como de representantes diplomáticos estrangeiros nestas iniciativas, nomeadamente o tenente-coronel Bjorn Taube, Adido Militar da Embaixada da República Federal da Alemanha e o capitão-de-fragata Christian Queffelec, Adido de Defesa da Embaixada da República Francesa, ambos em representação dos respetivos embaixadores em Portugal.
Esta foi a primeira vez que em Portugal se fez a evocação da passagem dos 100 anos sobre um episódio naval da Grande Guerra e o acontecimento irá integrar o primeiro dos seis episódios do documentário que a estação de televisão SIC está a realizar sobre naufrágios da época contemporânea.